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Transformação Digital do Setor Público
Insights

IA Responsável para Cidades Inteligentes: tecnologia a serviço do cidadão

Márcio Santana
Tempo: 4 minutos
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Vivemos um momento singular na história: uma convergência de fatores que está redefinindo como as cidades funcionam, como os governos operam e como nós, cidadãos, nos relacionamos com o poder público.

Três forças moldam esse cenário. A primeira é o uso do digital pela sociedade, especialmente em um país como o Brasil, que figura entre os mais conectados do planeta. A segunda é o avanço acelerado da tecnologia, em especial da inteligência artificial. A terceira é o volume histórico de investimentos em inovação, impulsionando a transformação digital em governos e instituições.

Esse movimento chega com força ao dia a dia das pessoas. O cidadão brasileiro quer resolver suas demandas na palma da mão, de forma simples e segura. Essa mudança cultural cria um terreno fértil para a digitalização do setor público. Mas essa transformação só é real quando tem propósito. Tecnologia, por si só, não muda a vida das pessoas, ela é o meio para isso acontecer.

De cidades tecnológicas a cidades inteligentes

Há uma década, falar em cidades inteligentes era falar de sensores, câmeras e infraestrutura conectada. Hoje, o conceito evoluiu. Ser inteligente é integrar sistemas, agir sobre os dados gerados e colocar o cidadão no centro das decisões públicas.

Segundo a OCDE, 67% dos países já utilizam inteligência artificial na entrega de serviços públicos. E uma pesquisa global da Salesforce mostra que 90% dos cidadãos, inclusive no Brasil, afirmam que usariam um agente de IA para interagir com o governo. Esses números mostram o quanto a inteligência artificial já faz parte da rotina das cidades e da vida das pessoas.

Mas, ser uma cidade inteligente não é ter mais tecnologia, é compreender o problema e aplicar a tecnologia certa para resolvê-lo.

Esse movimento já é realidade no Brasil. Cidades como Presidente Prudente, Limeira, Criciúma e Aracaju vêm mostrando que é possível simplificar serviços, reduzir burocracias e economizar recursos públicos com o apoio de soluções digitais desenvolvidas para o setor público. Em Aracaju, por exemplo, a digitalização de processos resultou em R$ 21 milhões de economia em papel e insumos em pouco mais de três anos.

IA pública, ética e responsável

A inteligência artificial ocupa papel central na construção das cidades inteligentes, mas precisa ser aplicada com responsabilidade.
Na Softplan, falamos de IA responsável, aquela que respeita a privacidade, a segurança dos dados e, acima de tudo, valoriza a função humana. A IA não substitui pessoas, ela amplia suas capacidades.

Um gestor público que utiliza IA para interpretar dados e planejar políticas não está delegando decisões à máquina, mas tornando-se um decisor mais informado e estratégico.

O Brasil já deu passos importantes nesse caminho. A Lei do Governo Digital (2021) abriu espaço para a integração de sistemas. A Carta Brasileira para Cidades Inteligentes define diretrizes nacionais de sustentabilidade e inclusão. E o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA 2025–2028) prevê R$ 23 bilhões em investimentos, fortalecendo o uso ético e seguro da IA no setor público.

Essas bases criam o ambiente ideal para o avanço da inteligência artificial nas cidades brasileiras, desde que seja aplicada com foco em impacto social e governança responsável.

Inclusão e cidadania digital

Mais do que eficiência, a IA deve ser um instrumento de inclusão e democratização da gestão pública.
O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) aponta a digitalização como uma das principais alavancas de eficiência e confiança institucional. Mas, para isso, a tecnologia precisa se adaptar às diferentes realidades municipais.

Segundo o IBGE (2024), 87% da população brasileira vivia em áreas urbanas, mas a maioria dos municípios tem menos de 50 mil habitantes. A inteligência artificial precisa caber na cidade, simplificando, conectando e ampliando a capacidade de gestão de forma acessível e proporcional ao contexto local.

Um exemplo é a 1Doc solução da Softplan que conecta centenas de prefeituras em todo o Brasil, de pequenas cidades a grandes capitais.
Com processos digitalizados e atendimento unificado ao cidadão, a plataforma já gerou mais de R$ 500 milhões em economia de papel e insumos, além de agilizar comunicações internas e fortalecer a transparência pública.

Conclusão

Ser uma cidade inteligente é colocar a tecnologia a serviço do cidadão.
O Brasil vive um momento de maturidade digital, competência técnica e um ecossistema de inovação vibrante. O desafio agora é expandir essa transformação para todos os municípios, das grandes metrópoles às pequenas cidades, onde a digitalização tem impacto direto na vida das pessoas.

Na Softplan, seguimos com a missão de construir, junto com o setor público, soluções que simplifiquem a gestão e tornem as cidades mais humanas, eficientes e sustentáveis.
No fim do dia, a verdadeira cidade inteligente é aquela que usa a tecnologia para garantir dignidade, transparência e qualidade de vida, independentemente do tamanho do seu orçamento ou da sua infraestrutura.

Márcio Santana é formado em Sistemas de Informação pela UNIC - Universidade de Cuiabá, no Mato Grosso; tem pós-graduação em Governança da Tecnologia da Informação, incluindo experiência internacional no Illinois Institute of Technology, em Chicago (Illinois, Estados Unidos); além de um MBA com formação em Chief Information Executive pela University of South Carolina, em Columbia (Carolina do Sul, Estados Unidos). Esteve Diretor Executivo da Softplan Setor Público no período de 2023 a 2025. Atualmente, é CEO da Softplan Setor Público.

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