Pular para o conteúdo
Insights

8 competências do servidor público do futuro

Patrícia de Sá Freire, Dra
Atualizado em: 28 de agosto de 2024
Compartilhe

O ano de 2020 foi a prova de que as novas tecnologias mudaram a forma como as pessoas se capacitam. O momento também reforçou a importância da aquisição de novos conhecimentos e habilidades para otimizar o desempenho no ambiente virtual e digital O contexto pandêmico, vivenciado pelo mundo nesse ano também trouxe a urgência na digitalização dos processos. Desde os mais simples relacionados às tarefas burocráticas, até os determinantes para as boas práticas de comunicação dialógica. Como resultado, foi acelerada a transformação digital dos serviços oferecidos à sociedade, tirando o servidor e cidadãos dos balcões de atendimento com a automatização de processos de serviços públicos, integração de dados e soluções mobile.

Naquele ano, vimos o Ministério Público de Santa Catarina acelerando para a jornada de Transformação Digital, o Tribunal de Contas do Estado de Goiás ganhou em produtividade com automação de processos e o título concedido para Florianópolis como a cidade com o processo de abertura de empresas mais rápido do país.

Porém, este contexto tem um preço: todas a transformações tecnológicas ao longo dos séculos impuseram transformações no perfil de competências do trabalhador e esta não está sendo diferente.

O futuro do trabalho

O relatório The Future of the Jobs 2020, do World Economic Forum, aponta que a força de trabalho está sendo automatizada mais rapidamente do que o esperado. De acordo com o estudo, nos próximos cinco anos 85 milhões de empregos serão automatizados. Os resultados do estudo realizado em 26 países emergentes evidenciam:

  • O ritmo de adoção de tecnologia deve permanecer inalterado e pode acelerar em algumas áreas.
  • As lacunas de competências continuam a ser altas.
  • Apesar da atual crise econômica, o investimento em capital humano é reconhecido.
  • As empresas precisam investir em melhores métricas de capital humano e social por meio da adoção de métricas ambientais, sociais e de governança.
  • O setor público precisa fornecer um apoio mais forte para a requalificação de trabalhadores deslocados.

Novas habilidades do servidor público do futuro

Considerando a tendência mundial de teletrabalho ou trabalho híbrido, parte em casa parte no escritório, desenvolver habilidades pessoais para melhor performance no ambiente de trabalho, nunca foi tão importante para o servidor público. O procurador do Trabalho Paulo Douglas confirmou à Agência Brasil que o teletrabalho já vem surgindo como uma tendência, não só no Brasil, mas no mundo.

A educação formal que, para o Ministério da Educação e Cultura (MEC) é aquela que ocorre nos sistemas de ensino tradicionais e, por isso dependente de uma estrutura presencial estabelecida e de uma figura que ensine, professor ou mediador, já não basta para atender a atualização constante das transformações no trabalho. A grande diferença agora é o reconhecimento da educação não formal que para o MEC, são as iniciativas de aprendizagem, que acontecem fora do sistema, ou mesmo a educação informal que, para o ministério, é a incidental e que ocorre ao longo da vida. Estas novas modelagens são centralizadas no aprendiz, autoguiadas, comportamentais e, conhecidas também como Soft Skill.

Novas Competências do Servidor Público brasileiro

A palavra da especialista Patrícia de Sá Freire, Dra.

No contexto complexo que estamos vivenciando, comprovou-se a urgência de um novo modelo de governança pública, a qual chamamos de Governança Multinível. Um tipo de governança compartilhada que não elimina a hierarquia, controles e comandos superiores, mas é dependente do estabelecimento de visão compartilhada, de controles baseados em dados e evidências e, principalmente, de gestores educadores, resilientes e adaptativos, direcionados ao alinhamento coletivo em prol do bem comum.

Por isso, além das básicas competências técnicas, gerenciais e comportamentais de um bom servidor público, destaquei abaixo as 8 skills que passam a ser consideradas competências críticas ao gestor público.

  1. Promover a governança multinível: ter uma visão compartilhada das muitas estruturas da força de trabalho e atuar com objetivo global.
  2. Conhecer as boas práticas de governança pública e de sistemas de inteligência: ter capacidade analítica e interpretação de dados.
  3. Controlar e monitorar resultados e impacto social: promover a mudança de mindset, pensar sempre em governo digital e na experiência do usuário.
  4. Comunicação dialógica: ser claro, promover o diálogo, evitar conflitos e ser resolutivo.
  5. Fazer uma gestão colaborativa: ter raciocínio voltado para a resolução de problemas.
  6. Participação proativa em redes organizacionais: ampliar repertório, aprender e ensinar.
  7. Transparência nas tomadas de decisões gerenciais: as ações tomadas pelos agentes públicos visam o bem da sociedade e não há motivos para que suas ações não sejam de conhecimento geral.
  8. Flexibilidade, fácil adaptação frente às mudanças e novos rumos: aqui citada por último, mas não a menos importante. Talvez a única competência do servidor público que nenhuma educação formal ensine, mas um skill importante e muito valorizada no atual cenário mundial.

Com certeza, mais do que ter, é ser verdadeiramente ético e integro para atuar com desempenho competente, de maneira a se tornar exemplo aos membros de sua equipe e da sociedade.

“Para a nova era, urge o desenvolvimento de gestores públicos com a capacidade de autoavaliação continua para romper com modelos mentais bloqueadores de mudanças e inovações. O novo gestor público está nascendo no Brasil.”

Novo mindset

No âmbito público a necessidade de novo mindset por parte dos agentes e servidores públicos já faz parte da cartilha do Governo Federal que, entre vários materiais educativos, criou uma trilha com 10 passos para a transformação digital, que fomenta o novo comportamento do servidor público, mais ágil, tecnológico e com foco na resolução de problemas.

No Setor Público, as soluções desenvolvidas pela Softplan e já implementadas em várias instituições apoiam a virada de chave de muitas instituições. Além de entregar tecnologia, a empresa conta com uma área de educação corporativa que promove a capacitação e as melhores práticas para a utilização das ferramentas tecnológicas, promovendo novas competências do servidor público e contribuindo para a nova mentalidade de um governo cada vez mais digital.

Consultora para reestruturação organizacional, pesquisadora e docente do ensino superior do Departamento de Engenharia do Conhecimento da UFSC.

Posts relacionados

Insights

Uso da BIM na gestão pública: adoção da metodologia na SIE-SC

O decreto para uso da BIM (Building Information Modeling ou Modelagem de Informação da Construção) na gestão pública brasileira é muito recente. A maioria dos…

Washington Luke
Washington Luke
Insights

O que muda nos contratos de obras públicas após adoção da BIM

A Building Information Modeling (BIM ou Modelagem de Informação da Construção) até pode ser algo novo dentro da gestão pública. Entretanto, ela já existe e…

Washington Luke
Washington Luke
Insights

Os desafios da adoção da BIM na administração pública

A Constituição Federal de 1988 consagra no artigo 37 os princípios fundamentais da Administração Pública como elementos balizadores da atuação do Estado. E, portanto, um…

Washington Luke
Washington Luke