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Vidas Transformadas pela Justiça: um presente chamado Maria Valentina

Comunicação
1 de novembro de 2024 Tempo: 5 minutos
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Quanto tempo e amor você dedica para sua família?

Para Nathalia e Helio, havia amor de sobra e tempo de menos. A família só seria completa com um filho, mas o tempo passava e eles não conseguiam realizar esse sonho. Com amor acumulado e expectativas cada vez maiores pelo crescimento da família, eles decidiram entrar para o Cadastro Nacional de Adoção (CNA).

A realidade de quem pretende adotar uma criança no Brasil é difícil, principalmente quando se trata de tempo. As filas são longas, os processos, geralmente demorados por causa dos cuidados legais que envolvem o futuro de uma criança. De acordo com o CNA, vinculado ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), há 9.396 crianças e adolescentes disponíveis para adoção no Brasil. Dentro e fora do país, há 45.944 pessoas esperando para ganhar um filho.

Ainda assim, em setembro de 2015, o casal de Fortaleza (CE) entrou no Fórum para se inscrever no Cadastro Nacional de Adoção.

“A papelada da inscrição questiona quais tipos de criança os pais pretendem adotar. Nós não tínhamos estrutura psicológica para escolher um perfil. Só queríamos ser pais. Se fôssemos gerar uma criança, daríamos todo o nosso amor sem nenhum requisito. Daríamos o nosso amor para o filho que Deus nos enviasse. Então, acreditamos que deveríamos ter estes mesmos princípios no cadastro da adoção”, conta Nathalia Martins de Oliveira.

Quatro meses depois, Nathalia e Helio começaram o curso preparatório. Em março de 2016, entraram oficialmente no Cadastro Nacional de Adoção. Deusimar estava do outro lado do balcão. Predestinado como o seu próprio nome, começava ali uma missão de vida.

O dia em que Maria Valentina nasceu

Não havia completado um mês que Nathalia e Helio estavam na fila do cadastro quando Deusimar Rodrigues de Alencar, chefe da Seção de Cadastro de Adotantes e Adotandos de Fortaleza, recebeu o registro de uma criança.

Ele se recorda até hoje: “Aquela menininha de dois anos apresentava alguns problemas de saúde e, pela nossa experiência, sabíamos que as chances de alguém adotá-la eram mínimas. Os requisitos dos pais normalmente apontam para bebês totalmente saudáveis.”

Entre os quase 46 mil pretendentes, apenas 39% se propõem a adotar crianças como as que Deusimar tinha acabado de conhecer. Uma das orientações é que a criança seja destinada a uma família da mesma cidade onde fica o abrigo. Caso não haja pretendentes, o círculo vai se ampliando: arredores, Estado todo, território nacional e, em últimos casos, famílias que vivem fora do Brasil.

Sabendo de todos esses filtros, a busca de Deusimar no sistema do cadastro revelou uma surpresa: Nathalia e Helio se encaixavam perfeitamente para aquela criança.

A ansiedade do casal era tão grande que Nathalia fez questão de conhecer a menina no mesmo dia da ligação de Deusimar. O problema é que o horário disponível do casal não era compatível com o horário de visita previsto pelo abrigo.

“Quebrei o protocolo e fui com a Nathalia ao abrigo naquele dia”, conta Deusimar.

Quando o destino se cumpre

O primeiro encontro entre pretendentes e crianças é sempre envolto por muitas expectativas dos dois lados. É normal, por exemplo, que a criança fique tímida ou que os possíveis pais fiquem sem jeito para conduzir uma conversa.

“Naquele dia houve algo mágico. No momento em que Nathalia e a criança se viram, elas se reconheceram como mãe e filha na hora. Elas sorriram uma para a outra, e a menina chegou a estender os braços para um abraço. Isso é muito raro. Mais impressionante ainda é o fato de a criança ser muito parecida com a Nathalia, com o mesmo olho puxadinho”, lembra Deusimar.

Desde então, Deusimar passou a fazer parte daquela família também.

Entre a primeira visita no abrigo até a guarda provisória, foram apenas 180 dias. O processo de adoção entrou no Tribunal de Justiça do Ceará em 1º de julho de 2016. Quatro dias depois, a família de Nathalia e Helio se tornou completa. A filha deles chegou em casa e de lá nunca mais saiu.

No dia 23 de novembro, a ação judicial foi concluída. Nathalia Martins de Oliveira e Francisco Helio Pereira da Silva se tornaram oficialmente pais em 17 de dezembro, quando pegaram nas mãos a certidão de nascimento da filha Maria Valentina Martins da Silva.

A Justiça que transforma vidas

“Durante o processo de adoção, conversamos com muitos pretendentes, pesquisamos muito, passamos a fazer parte de associações. As pessoas eram quase unânimes em dizer que levaríamos anos para ter um filho. Conhecemos casais que entraram com o processo antes de nós e receberam a certidão de nascimento muito depois da nossa família”, diz Nathalia.

O sonho de Nathalia e Helio não foi sonhado somente por eles. Foi também um sonho do Deusimar, das psicólogas, do pessoal do abrigo, dos promotores de Justiça e dos juízes, todos incansáveis no acompanhamento do caso.

“Os trâmites da adoção já são algo naturalmente delicados, mas as pessoas que fizeram parte desse sonho deixaram o processo muito mais leve”, garante a mãe de Maria Valentina.

A média de duração de um processo de adoção pode levar de dois a três anos. No caso da família de Maria Valentina, foram exatos nove meses de “gestação” no Tribunal de Justiça do Ceará. A comarca de Fortaleza, onde o caso foi avaliado, atua com o processo digital por meio do Sistema de Automação da Justiça (SAJ). A tecnologia, que encurtou tantos caminhos para esta família, também é vista como fada madrinha que realiza sonhos e transforma vidas.

Confira a websérie e conheça outras vidas transformadas pela tecnologia

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