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ESG

Índices de desempenho para projetos cofinanciados

Jean Carlo Vargas Garcia
13 de fevereiro de 2025 Tempo: 4 minutos
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Em um post anterior, abordamos o tema da eficiência no mundo do Setor Público, destacando como essa eficiência pode assumir diferentes formas, variando conforme a instituição, seu segmento e o público ao qual ela serve. Discutimos como essa eficiência pode se refletir no aumento da produtividade, da celeridade e da transparência, assim como na redução do tempo de processamento, dos custos e do trabalho manual.

Neste texto, vamos falar sobre índices de desempenho para projetos de entidades financeiras internacionais.

O que são projetos cofinanciados

Um projeto cofinanciado é concebido, gerenciado e sob a responsabilidade do setor público de qualquer nível (municipal, estadual ou federal) que utiliza de recursos financeiros de uma organização internacional e que tem como objetivo final alcançar resultados concretos que contribuam para impulsionar o desenvolvimento socioeconômico de uma região.

A implementação desses projetos fundamenta-se na premissa de que eles cumprirão seus objetivos respeitando as limitações de escopo, prazo e orçamento, o que é uma premissa aplicável para conceitualmente, qualquer projeto.

Um projeto cofinanciado apresenta particularidades que aportam complexidades intrínsecas. Para começar, existe uma maior diversidade de stakeholders, cada um com necessidades, demandas, níveis de influência e interesses distintos no projeto, o que exige uma comunicação e negociação adequadas para se chegar a acordos em contextos econômicos, políticos, sociais e ambientais. Resultados são de longo prazo e muitas vezes intangíveis.

Projetos de desenvolvimento buscam causar impacto de longo prazo, já que a maioria visa mudanças socioeconômicas ou ambientais que não apresentam resultados imediatos ao serem concluídos e, geralmente, necessitam de mais tempo para se materializarem.

Por isso, é importante monitorar essas mudanças mesmo após o encerramento do projeto. E por fim, projetos de desenvolvimento são frequentemente realizados com base nas necessidades da comunidade ou das comunidades beneficiadas e estão alinhados à estratégia de desenvolvimento econômico e social do país.

O foco está na melhoria das condições de vida e do meio ambiente, além de garantir um retorno social, um aspecto nem sempre considerado na avaliação de projetos privados ou corporativos.

Métricas básicas para de gestão de projetos

No caso de um projeto cofinanciado por entidades externas, há que se destacar ainda as demandas específicas de órgãos reguladores nacionais, exigências e requisitos do organismo internacional.

Ao mesmo tempo em que destacamos essas particularidades, que precisam ser adequadas e consideradas ao avaliar o resultado de um projeto, é inegável que o sucesso de um projeto cofinanciado é regido pelas métricas básicas de gestão de projetos:

Tempo

Envolve uma coordenação precisa das atividades e sua sequência, possibilitando que cada tarefa seja concluída dentro do prazo estipulado. Ferramentas como cronogramas e diagramas, como o de Gantt, são essenciais para monitorar e visualizar o andamento, evitando atrasos que possam comprometer os resultados.

Custo

Ter atenção ao orçamento assegura que os recursos financeiros disponíveis sejam suficientes para cobrir todas as despesas necessárias ao projeto, respeitando normas de aquisições e limitações de financiamento para evitar ajustes indesejados, como a devolução de recursos ou a falta de verbas para o futuro.

Escopo

Define as entregas e os objetivos a serem alcançados, exigindo alinhamento com as expectativas iniciais e equilíbrio com os limites de tempo e custo. A integração desses três elementos oferece uma base robusta para aferir a eficiência e a viabilidade dos projetos, assegurando que sejam realizados dentro dos parâmetros estabelecidos e gerando impacto duradouro.

Índices de desempenho em projetos

A boa prática internacional em gestão de projetos consolidou a Análise de Valor Agregado como referência para avaliar a eficiência e a saúde dos projetos, destacando especialmente as métricas de Índice de Desempenho de Prazo (IDP) e o Índice de Desempenho de Custo (IDC).

  • O IDP permite medir o avanço real das atividades em comparação ao planejado, indicando se o projeto está adiantado ou atrasado em relação ao cronograma.
  • O IDC avalia a eficiência dos custos, verificando se os recursos financeiros estão sendo utilizados conforme previsto ou se há desvios significativos.

Juntas, essas métricas fornecem uma visão detalhada e objetiva do desempenho do projeto, permitindo ajustes rápidos e informados para garantir o cumprimento dos objetivos dentro do prazo e orçamento definidos. Para ambos os índices, o valor de 1,0 indica um indicador óptimo de prazo e custo.

Em 2023, o conjunto dos projetos gerenciados pelo SAFF obtiveram um valor de 0,89 de IDP e 1,1 de IDC. Ou seja, um resultado excepcional, ainda mais considerando as complexidades de um projeto de desenvolvimento.

Solução para gestão de projetos cofinanciados

A Solução para Administração Física e Financeira (SAFF) de projetos cofinanciados da Softplan Setor Público, permite a gestão de todas as etapas de um projeto de desenvolvimento financiado por banco multilateral. Do planejamento ao monitoramento, proporciona transparência, controle dos recursos recebidos e desembolsos efetuados, conversões cambiais fiéis ao contrato de empréstimo, controle dos prazos e muitos outros benefícios.

Em 2023 foram gerenciados pelo SAFF, 38 projetos de 6 organismos internacionais diferentes, totalizando em torno de 4 bilhões de dólares em valores monetários. O BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) aportou 60% desse valor, sendo Prefeituras municipais o órgão gestor do projeto em 44% dos casos. 55% do valor gerenciado se refere a projetos de mobilidade urbana e infraestrutura.

Quando tratamos de setor público, indicadores e métricas precisam ser sempre contextualizadas. Em muitos casos, um índice muito acima ou muito abaixo pode ser explicado por mudanças cambiais, maiores exigências regulatórias, desastres nacionais ou inúmeros outros condicionantes.

Esse artigo foi escrito em colaboração com Tiago Melo.

Especialista de produto com foco em gerenciamento de projetos com financiamento internacional. Inserido nesse universo desde 2011, já implantou sistemas e acompanhou mais de 40 projetos de diferentes naturezas pelo Brasil. É pós-graduando em gerenciamento de projetos e metodologias ágeis.

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