O cofundador da Softplan, Engenheiro Moacir Marafon, foi um dos convidados da 5ª edição do webinar Rodovia Lives, promovido pela Associação Brasileira dos Departamentos Estaduais de Estradas de Rodagem (ABDER). Com o tema Impacto das tecnologias nas estradas do futuro, entre as várias questões debatidas, a transformação digital nos processos e serviços ao cidadão foram temas importantes do evento.
Confira as principais falas, a começar sobre o impacto das tecnologias nas estradas do futuro!
Governo sem papel e as estradas do futuro
Marafon também ressaltou a importância do governo sem papel:
“É impossível pensar a inovação nos órgãos públicos com toneladas de papel circulando nas mesas, com o cidadão indo até os balcões para solicitar algum serviço ou interagir com o órgão público, com a gestão dos recursos públicos feitos em papel sem transparência.”
No fim ele fez uma importante provocação: “Então, vamos começar pelo básico: vamos acabar com a papelada? Vamos disponibilizar serviços online ao cidadão, tirando ele das filas nos balcões? Vamos dar condições aos gestores públicos para melhorar a sua performance?”.
Quando questionado sobre a revisão de processos internos nas organizações para absorver e usufruir de novas tecnologias, Marafon falou sobre a importância de se pensar em 4 pilares: tecnologia, processos, pessoas e a análise e dados: “Os dados nos mostram onde estão os grandes gargalos dos nossos processos.”
Sobre a revisão de processos internos nas organizações para absorver e usufruir de novas tecnologias, Marafon foi pontual ao afirmar que o uso da tecnologia é apenas o meio, e não o fim de todo o processo. A importância da ação centrada nas pessoas e para as pessoas, é fundamental.
“Processos sim, tecnologias sim, mas pessoas, pessoas são o fundamental”.
Destacou a importância de “desenvolver os inovadores públicos e dar condições a eles para inovar”. Citou o caso da Startup WeGov, em que tem como propósito, “Inovar na Gestão Publica por meio do desenvolvimento de inovadores públicos”.
Transformação digital Vs Digitalização
Marafon foi enfático ao afirmar que a digitalização não pode ser confundida com a transformação digital, que é mais ampla, gera inteligência ao serviço e automatiza atividades.
“Quando penso no mundo digital, eu posso pensar em paralelo, na forma diferente de fazer as coisas, por exemplo: pensar no processo super tradicional de medição de obras. Se eu digitalizar, simplesmente vou tirar o papel da jogada, mas se eu pensar em um processo digital, eu vou dar inteligência a este sistema, vou fazer com que ele me ajude, que ele automatize atividades (...) me ajude a ser preciso, evitar erros.
Marafon também lembrou do cliente final, o cidadão, que muitas vezes fica preterido em todo o processo, mesmo com a transformação digital.
Orçamento dos DERs e a arrecadação
Marafon falou sobre como buscar os recursos próprios de maneira inteligente com o auxílio da tecnologia na gestão das estradas, entre várias alterativas Marafon citou as multas rodoviárias.
“As multas rodoviárias não são um canal para se arrecadar, mas devemos pensar de forma educativa (…) E com isso se busca recursos para gerar mais segurança nas rodovias (…) Mas fazer de forma manual é impossível para que este processo se torne eficiente, tanto na aplicação quanto no gerenciamento posterior.”
Marafon falou sobre o Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DER-MG), que tornou digital este processo por completo, conheça este case.
Sobre as concessões da faixa de domínio, reservadas para expandir a rodovia, Marafon também falou sobre a geração de recursos e de como a tecnologia pode apoiar este processo, já que tratamos de um espaço nobre, que não pode ser cedido de forma onerosa.
“É possível os órgãos buscarem recursos cedendo estes meios. No entanto é fundamental que a tecnologia venha contribuir para facilitar o cidadão na hora de fazer solicitação, para que ele não faça de forma clandestina, para que o órgão fiscalize usando os recursos da tecnologia, com imagem via satélite, ir a campo com mobile para facilitar a localização destes pontos e aplicar aa penalidades quando necessário.”
Autorizações especiais de trânsito
Sobre este tema, Marafon também destacou o uso da tecnologia como facilitador de todo o processo, como o uso de dispositivos móveis e aplicativos de localização e leitura de dados.
“Por questão de segurança e operação, é necessário que os técnicos analisem esta autorização (…) mas não faz sentido uma pessoa que precisa se deslocar nas estradas com estas cargas, muitas vezes ter que andar 100 km pra pedir uma solicitação, ou ter que ficar esperando num balcão esperando, isso tudo é possível fazer de forma digital”
Marafon citou o caso do Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra), que sabe a importância das estradas do futuro e conta com a utilização de um aplicativo móvel na fiscalização, que aumentou em 4x a produtividade dos profissionais e, ainda, teve aumento de 30% nas autorizações e solicitações digitais via portal.
“O cidadão, se você oportuniza os canais, ele quer fazer certo. E é uma oportunidade da gerar receita.”
O cofundador citou o exemplo do departamento de infraestrutura do Paraná, que automatizou as notificações extra judiciais para que o órgão conseguisse arrecadar os recursos que antes seriam perdidos e, ainda, evitando as penalidades que seriam aplicadas ao gestor, pela falta de cobrança.
Estes foram os principais trechos do encontro mediado pelo engenheiro Maurício Marques, Secretário-Geral e Coordenador do Grupo de Trabalho de Tecnologia da ABDER, e ainda contou com a participação do Anderson Germano, Gerente de Departamento da Diretoria de Relacionamento com Clientes do Serviço Federal de Processamento de Dados – SERPRO, e Geraldo Melo, Coordenador de Tecnologia da Informação do Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal – DER-DF.